situação dos Correios e do pedido de aporte ao Tesouro
Os Correios querem garantir ainda em dezembro um aporte emergencial de R$ 6 bilhões do Tesouro Nacional para evitar atrasos em salários, 13º e pagamentos a fornecedores. Para isso, a estatal pretende apresentar uma nova proposta à equipe econômica, reduzindo o tamanho do empréstimo que vinha sendo negociado.
1. Mudança na estratégia de financiamento
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A operação anterior previa um empréstimo de R$ 20 bilhões, mas foi rejeitada pela equipe econômica por representar risco excessivo para a União.
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A nova proposta reduz o valor para algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, com expectativa de atrair mais bancos e obter condições melhores.
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A avaliação é que, com um aporte emergencial agora, a empresa ganharia fôlego para retomar negociações em 2026 em um cenário menos crítico.
2. Ampliação do programa de demissão voluntária (PDV)
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O PDV pode subir de 10 mil para 15 mil funcionários (aumento de 50%).
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Dependendo da adesão e da evolução do plano de reestruturação, esse número pode ser ainda maior.
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O PDV é visto como essencial para reduzir despesas permanentes e tornar o plano financeiro sustentável.
3. Objetivos do aporte emergencial
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Cobrir o déficit previsto para 2025.
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Reequilibrar o caixa no curto prazo.
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Garantir continuidade operacional e cumprimento de prazos.
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Internamente, a meta é atingir 95% das entregas no prazo até janeiro de 2026.
4. Visão do governo
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O Tesouro afirma que qualquer ajuda financeira (aporte, empréstimo ou garantia) depende de:
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apresentação e aprovação de um plano de recuperação estruturado,
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contrapartidas claras,
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e aderência às regras fiscais.
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O ministro Fernando Haddad reforçou que não haverá apoio automático.
5. Expectativa da estatal
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Com o aporte emergencial e o PDV ampliado, os Correios acreditam que o risco percebido pelo mercado deve cair.
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Isso abriria espaço para uma captação menor e mais barata em 2026, possivelmente com aval da União.
Para conseguir um aporte emergencial de R$ 6 bilhões do Tesouro ainda em dezembro, os Correios planejam apresentar uma nova proposta à equipe econômica: reduzir o valor da captação que estava em negociação e reabrir a operação com um empréstimo menor, agora projetado entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, Além disso, a estatal discute a ampliação do programa de demissão voluntária para 15 mil funcionários, número 50% maior que o desenho inicial, que previa 10 mil desligamentos. Pessoas próximas às discussões afirmam que o volume pode subir ainda mais, a depender do andamento do plano de reestruturação e da adesão dos empregados. O movimento é considerado chave para reduzir despesas permanentes e sustentar o novo plano financeiro. Internamente, a avaliação é que o repasse de R$ 6 bilhões seria suficiente para atravessar o fim do ano, garantir o pagamento de salários, 13º e fornecedores, evitando atrasos inéditos, segundo fontes. A estimativa é que o valor cubra o déficit de 2025 e reequilibre o caixa no curto prazo. Após isso, a estatal pretende retomar as negociações com os bancos, em um momento menos pressionado e com maior possibilidade de sucesso. A mudança de rota ocorre após o insucesso da operação anterior, que previa empréstimo de R$ 20 bilhões. Na equipe econômica, técnicos afirmam que a proposta era “impossível de aceitar”, pois oferecia um “altíssimo risco” para a União. Já o entendimento dentro dos Correios é que é preciso ampliar o portfólio de bancos, mas o período eleitoral reduziu o apetite do mercado. A estratégia agora é diminuir o tamanho do “cheque" para atrair mais instituições e tentar taxas menores. Esse movimento já havia sido sinalizado internamente. Em comunicado enviado a funcionários na sexta-feira (5), a direção informou que trabalha junto ao Tesouro em alternativas para solução após a recusa ao primeiro empréstimo e destacou que a prioridade é readequar o modelo financeiro para torná-lo viável. No documento, a gestão orienta foco na liquidez imediata, continuidade operacional e cumprimento de prazos de entrega, com meta de atingir 95% das encomendas entregues no prazo até janeiro de 2026. Os Correios afirmam internamente que a reestruturação prevista para 2025-2027 será conduzida com prioridades de caixa e preservação de empregos, mas reforçam que o plano precisa caminhar junto ao redesenho do financiamento. A leitura é que o aporte emergencial e o PDV ampliado podem criar base para uma operação de crédito menor e mais barata em 2026, com maior chance de aval do Tesouro. A direção acredita que, com liquidez recomposta e as primeiras medidas de corte implementadas, o risco percebido pelo mercado tende a cair, o que pode destravar a captação no início de 2026 com custos mais favoráveis e com maior possibilidade de aval da União. No governo, a posição oficial é que qualquer liberação de recursos seja aporte direto, empréstimo ou garantia, dependerá da aprovação prévia de um plano de recuperação. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não haverá apoio financeiro sem contrapartidas claras e alinhamento às regras fiscais, e que a decisão final caberá ao Tesouro após análise do projeto.
