O cultivo da tilápia, principal espécie de peixe criada em Mato Grosso do Sul, pode ser proibido no país. A Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, apresentou uma proposta para incluir o peixe africano na lista nacional de espécies exóticas invasoras. Caso seja aprovada na reunião do órgão marcada para o dia 8 de novembro, a medida colocará a tilápia sob o mesmo regime de controle do javali, podendo até ser erradicada em áreas naturais.

A proposta inclui também peixes nativos fora de suas bacias, espécies híbridas e camarões como potenciais invasores. A preocupação ambiental se deve ao risco de a tilápia escapar de viveiros e competir com espécies nativas, além de alterar o equilíbrio ecológico e comprometer a qualidade da água.

A medida, no entanto, preocupa o setor produtivo e exportador. Somente entre janeiro e setembro deste ano, Mato Grosso do Sul exportou 1.325 toneladas de filé de tilápia fresca, refrigerada e congelada, gerando receita de R$ 35,6 milhões, com destino principalmente aos Estados Unidos. O estado é o quinto maior produtor de tilápia do país e tem na espécie 97% de toda a sua produção de pescado, conforme dados do IBGE e do Anuário da Piscicultura 2024 da Peixe BR.

A entidade que representa o setor acompanha a proposta com preocupação, destacando que a decisão pode impactar milhares de famílias e comprometer uma cadeia produtiva que vem crescendo de forma sustentável. A tilápia se consolidou como um dos pilares da piscicultura brasileira, e a possível restrição ao seu cultivo levanta o debate sobre a necessidade de conciliar proteção ambiental e segurança alimentar.